quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Quem faz a notícia?

Matéria elaborada a partir dos questionamentos do Texto "Jornalismo Cidadão: isso existe mesmo"?
Por Evilasio Anelli
A internet esta mudando o curso do jornalismo em todo o planeta. O leitor está no centro dessa mudança, deixando a posição de expectador para se transformar em um narrador de fatos.
Exemplos de jornalismo cidadão, não falta pela Web. Como exemplo, o site a boca do povo do Estado do Tocantins, há diversos a artigos escritos pelos seus mais de 600 colaboradores.
Os sites passam a ganhar projeção e leitores a ponto de até as assessorias darem atenção e postarem seus artigos também nesses endereços.
Dois exemplos de artigos foram transcritos abaixo, e para manter a originalidade do texto os erros gramaticais não foram corrigidos.
O primeiro, titulado pelo autor, é um desabafo contra os mesários que não deixaram seu filho ir junto com ele na cabine de votação, mesmo observando pela TV que diversos políticos procedem dessa forma. Veja abaixo:

Pode me chamar de burro
Por Rodrigo Rodrigues Barbosa

No texto, que não é notícia, o eleitor registra sua indignação. Foi uma forma de desabafo. O assunto abordado, por ser um cidadão comum, não teria espaço nos meios de comunicação tradicional.
A seguir, mais uma transcrição do mesmo endereço, escrito por uma assessoria profissional, divulgando atos do secretário de governo. As assessorias começam a enxergar um importante espaço a ser explorado, com leitores cativos, e a matéria não sofre qualquer modificação.

por SECRETARIA DA COMUNICAÇÃO DO TOCANTINS - SECOM
Se a presença de um jornalista em um site serve como filtro para separar o que é e o que não é notícia, por outro lado a presença de um profissional, certamente afastaria os repórteres amadores.

Terra, Uol. G.mail, o Globo, Wikipedia, e até mesmo o jornal The New York Times incentivam a participação popular, até mesmo para que haja interação como o leitor e tenha um leitor assíduo, participante e cativo.
Marks Potts, afirma que o jornalismo cidadão deve ser feito por jornalistas. No entanto, percebe-se que o público quer participar, independente de ser jornalista. O jornalismo cidadão, talvez nem deva ser considerado jornalismo. Também não deve nem ter a participação de jornalistas profissionais.
O profissional de jornalismo oferece uma conotação de credibilidade a matéria, e nem sempre o que esta escrito no jornalismo cidadão é notícia. Muitos optam por jornalismo cidadão como uma forma de suprir temas que a mídia não cobre, mas o internauta não tem o compromisso de checar a notícia antes de publicar.
Erros de informação acontecem até mesmo nos jornalões. O jornal americano The New York Times publicou recentemente uma foto, da Associated Press em que o assunto tratado não correspondia com a foto. Uma leitora do jornal, reconhecendo seu filho na foto, contestou o jornal que teve que fazer a retratação ao público.
A matéria pode ser lida na íntegra pelo endereço Observatorio da Imprensa, ou na sequência. Bom para o leitor quando o jornal pelo menos tem a humildade de se desculpar com os leitores.
THE NEW YORK TIMES
Foto perfeita, informação nenhuma
Marinilda Carvalho (*)
A bruxa anda solta pela redação do New York Times. Como se não bastassem os dois pedidos de desculpas aos leitores pelo caso Wen Ho Lee, publicados em editoriais nos dias 26 e 28 de setembro e tratados na edição nº 99 deste Observatório [ver remissões abaixo], em 30/9 o jornalão novaiorquino voltou a errar. E por culpa dos outros. Desta vez, publicou ótima foto da Associated Press, aqui reproduzida.
"Policial israelense e palestino no Monte do Templo", dizia a legenda. Que, soube-se depois, era um primor de incorreções. A bruxa deu o ar da (des)graça em 4/10, quando o Times publicou carta do médico Aaron Grossman, morador da Rua Richmond Norte, 6.737, em Chicago, Illinois:

"A propósito de sua foto na página A5 (30 de setembro) do soldado israelense e do palestino no Monte do Templo – aquele palestino é na verdade meu filho, Tuvia Grossman, estudante judeu de Chicago. Ele e dois amigos foram arrancados do táxi em que viajavam em Jerusalém por uma turba de árabes palestinos, e duramente espancados e esfaqueados. A foto não poderia ter sido tirada no Monte do Templo, porque não há postos de gasolina no Monte do Templo, e certamente nenhum com logomarca em hebraico, como se vê claramente atrás do soldado israelense, que tenta proteger meu filho da turba."
Segundo Jonathan Krashinsky, do Jerusalem Post, de 5/10/00, o Times culpou a AP pela "associação errada". Funcionários da agência em Jerusalém assumiram a culpa, mas se recusaram a comentar o assunto. Nathan e Dado Ben-Brith, ingleses residentes em Jerusalém, iniciaram movimento de protesto pela internet, pedindo a todo o seu círculo de conhecidos e colegas que enviasse cartas de protesto ao New York Times. Algumas "delicadezas" da "carta-modelo", de autoria de Gil Remeny:
"Fiquei horrorizado com seu jornalismo primitivamente imoral, anti-semita, unilateral. Não compreendo como um jornal de sua reputação pode descer a tão baixa tática para ‘sensacionalizar’ acontecimentos já sérios o suficiente sem a contribuição de mentiras maldosas. (…) A única maneira de o jornal recuperar um mínimo de sua reputação de jornalismo sério é fazer admissão pública de culpa e sincero pedido de perdão pela grosseira injustiça com o Estado de Israel e com a grande maioria de civis que faria qualquer coisa pelo conforto de viver em paz."
São episódios incomuns no New York Times, registre-se. Mas no Brasil, nas editorias de Internacional dos jornais diários, um dos maiores transtornos é "apurar" as informações contidas nas legendas que acompanham fotos de agências. Com o advento das câmeras digitais, o problema cresce como o conflito no Oriente Médio. No calor da cobertura e na correria para enviar os arquivos à redação, o fotógrafo mal e porcamente identifica as imagens. Ou não identifica. E salve-se quem puder.





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