quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Jornalismo Cidadão. Isso existe?

Por Marcio Camilo

Jornalismo Cidadão: Participação popular na produção de notícias. Como assim? Uns vêem como democratização da informação. Já outros enxergam a prática como ameaça aos profissionais da área. Esse fenômeno, que ganhou dimensão na internet gera bastante polêmica...  
Com o objetivo de trazer alguns esclarecimentos para o assunto, os estudantes do quarto ano de jornalismo – Faculdade IVE – procuraram refletir sobre as algumas questões.

O Jornalismo Cidadão deve ser feito sem jornalistas?
Não. Penso que há uma necessidade de filtração das informações. E aí é que entra o papel do profissional, selecionando o que de fato possui relevância jornalística. Aliás, o próprio público pede um editor, pois ninguém quer ter a responsabilidade de saber de tudo a todo tempo.
A profissão do jornalista corre risco no futuro, diante do avanço do Jornalismo Cidadão?
Claro que não. Pelo contrário. Além do desafio de se adaptarem a uma nova situação – o que é muito enriquecedor por sinal – com o Jornalismo Cidadão, os profissionais da área terão a disposição uma nova ferramenta para o exercício jornalístico. O mundo da blogsfera e as demais redes sociais podem proporcionar pautas interessantes para jornalistas ávidos por novidades.
Um bom exemplo de Jornalismo Cidadão é o site Ipiaú Hoje. Nele é divulgado notícias sobre a comunidade de Ipiaú, interior da Bahia. Um jornalista atento pode muito bem identificar muitos assuntos de interesse popular e elaborar boas reportagens para TV, impresso, rádio, revista, e até mesmo para um portal de expressão nacional.
Já no site Ohmynews, os jornalistas trabalham como editores, revisando matérias de 60 mil colaboradores de todo o mundo.
Como se pode notar. Ficará sem emprego aquele jornalista que não souber assimilar esse processo irremediável de expansão das novas redes sociais e participação popular na produção de notícias.
E quanto aos erros de apuração no Jornalismo Cidadão?       
De fato é uma questão séria. Por isso acredito haver necessidade de um profissional da área para filtrar e principalmente apurar as informações e imagens que chegam as redações. Jornais conceituados têm caído no conto do internauta “bem intencionado”. O resultado dessa falta de checagem é a divulgação de notícias falsas.     
Aconteceu com ABC , quando a agência de notícias divulgou uma foto de uma Kombi em chamas, que estaria relacionada a um trágico incêndio envolvendo 32 mortos, em San Bruno, Califórnia. Na verdade o veículo que estava na foto, fazia parte da série Lost e acabou sendo identificado por outros internautas fãs da história.
A suposta kombi envolvida na tragédia enviada pelo internauta.
Pior ainda foi a CNN que caiu na estória da morte do dono da Apple, Steve Jols. Por causa da falsa informação postada por um internauta, as ações da companhia caíram em 5,4%. A CNN logo desmentiu a notícia e desativou a conta do usuário, que estava cadastrado no IReport , sessão do site destinada ao Jornalismo Cidadão.
Mas apesar do erro, o IReport é considerado por muitos blogueiros um dos melhores exemplos de Jornalismo Cidadão. No espaço, os internautas tem a opotunidade de vêem as matérias veiculadas para milhões de espectadores pela CNN TV. Isso se o conteúdo for selecionados pelos editores.
Estudante participando de concurso do IReport. A CNN premia as melhores reportagens. 
Jornalismo Cidadão: tendência ou modismo?  
Acredito que o Jornalismo Cidadão é uma modalidade do jornalismo que se fortalecerá ainda mais daqui pra frente. E os jornalistas que não estiverem atentos para essa questão sucumbiram.
Aqui em Cuiabá temos bons exemplos de Jornalismo praticado por cidadãos. Cito dois: os blogs Meu Palco e Prosa e Política . O primeiro é direcionado a cultura, com uma participação forte de internautas debatendo sobre a cena rock n’ roll de Cuiabá. Já o segundo fala sobre os bastidores da política local e é administrado pela economista Adriana Vandoni.
Em países como nos Estados Unidos, o Jornalismo Cidadão caminha a passos largos. Em época de eleições, por exemplo, os blogs viram verdadeiros centros políticos de discussões.
Os principais jornais norte-americanos, como o The New York Times, já perceberam a importância da audiência na produção de notícias e muitos blogs já se tornaram fontes seguras de informações desses veículos.    
Enfim, reforço a idéia dizendo que o Jornalismo Cidadão é um processo irremediável e tem muito haver com toda essa onda de interatividade da web.
A participação do público pode ajudar na tão buscada imparcialidade por parte dos jornalistas. Ou talvez nem seja uma questão de isenção, mas sim de discutir assuntos que estejam diretamente relacionados com a audiência. Afinal, quem melhor do que o próprio público para saber o que lhe mais interessa?

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