segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Jornalista Carlos Chagas defende diploma para exercício da profissão

Postado por Geraldo Araujo

EM DEFESA DO DIPLOMA


O “seu” Manoel,  dono do açougue ali da esquina,  é um craque na arte de cortar carne.Tira cada filé e cada costela que fazem gosto. Por conta disso deve pendurar  o avental, vestir um jaleco,  entrar no Hospital  Distrital e operar alguém de apendicite? O camelô da estação rodoviária é  um mestre da palavra. Vende tudo o que apresenta em sua bancada, convence todo mundo. Estará autorizado a usar a beca, ingressar no plenário do Supremo Tribunal Federal e defender algum cliente?

Pois é. Por dispor do dom de escrever bem, qualquer cidadão poderá exercer a profissão de jornalista? Torna-se o diploma desnecessário, como nos dois casos anteriores? Será a universidade dispensável para o exercício da medicina e da advocacia?

O dom de escrever faz o escritor, e nenhum deles está proibido de escrever em jornal. Mas deverá fazê-lo como colaborador, não como jornalista.  Porque ser jornalista não é ser melhor nem pior do que  escritor. É apenas  diferente, pelo acúmulo de conhecimentos adquiridos nos cursos de comunicação,  desde saber editar, selecionar, reportar e diagramar até receber conhecimentos de História, Filosofia, Ética, Geografia, Política e quanta coisa a mais?

Outra vez discute-se a necessidade do diploma para jornalistas, ressurgindo a tese  de sua inocuidade. Alguns ingênuos e certos malandros tentam obter da Justiça o reconhecimento de que,  para ser jornalista,  basta a boa vontade. Ou a má. Na realidade,   muitos pretendem evitar o sentimento de classe forjado nos bancos universitários, responsável por evitar que a informação se transforme numa gazua a serviço de interesses variados. Além de dar à categoria força suficiente para reivindicações salariais. 

Houve tempo em que para ingressar numa redação bastava ser amigo do dono do jornal ou recomendado por alguém de suas relações. A lealdade do jornalista era para com o patrão, muito mais do que para com  a notícia. Com a exigência do diploma, alterou-se a correlação de forças, precisamente o que muitos pretendem evitar. É claro que existem os bem intencionados adversários do diploma de jornalista, mas é bom prestar atenção. Ou se posicionam, também, contra o diploma de médico e de advogado?

Outro argumento a desfazer é o da precariedade dos cursos de comunicação, muitos deles formando jornalistas que escrevem “sal”  com “ç”. Se  for assim, que se renove o estudo do jornalismo, que se aprimorem as cadeiras e se exija muito mais dos formandos. O mesmo se aplica, por exemplo, aos advogados e à proliferação de cursos de Direito. Vale, nos dois casos, a lei do mercado. Os bons obterão sucesso.

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