Postado por Geraldo Araujo
EM DEFESA DO DIPLOMA
Por Carlos Chagas
http://www.claudiohumberto.com.br/artigos/carloschagas.phpO “seu” Manoel, dono do açougue ali da esquina, é um craque na arte de cortar carne.Tira cada filé e cada costela que fazem gosto. Por conta disso deve pendurar o avental, vestir um jaleco, entrar no Hospital Distrital e operar alguém de apendicite? O camelô da estação rodoviária é um mestre da palavra. Vende tudo o que apresenta em sua bancada, convence todo mundo. Estará autorizado a usar a beca, ingressar no plenário do Supremo Tribunal Federal e defender algum cliente?
Pois é. Por dispor do dom de escrever bem, qualquer cidadão poderá exercer a profissão de jornalista? Torna-se o diploma desnecessário, como nos dois casos anteriores? Será a universidade dispensável para o exercício da medicina e da advocacia?
O dom de escrever faz o escritor, e nenhum deles está proibido de escrever em jornal. Mas deverá fazê-lo como colaborador, não como jornalista. Porque ser jornalista não é ser melhor nem pior do que escritor. É apenas diferente, pelo acúmulo de conhecimentos adquiridos nos cursos de comunicação, desde saber editar, selecionar, reportar e diagramar até receber conhecimentos de História, Filosofia, Ética, Geografia, Política e quanta coisa a mais?
Outra vez discute-se a necessidade do diploma para jornalistas, ressurgindo a tese de sua inocuidade. Alguns ingênuos e certos malandros tentam obter da Justiça o reconhecimento de que, para ser jornalista, basta a boa vontade. Ou a má. Na realidade, muitos pretendem evitar o sentimento de classe forjado nos bancos universitários, responsável por evitar que a informação se transforme numa gazua a serviço de interesses variados. Além de dar à categoria força suficiente para reivindicações salariais.
Houve tempo em que para ingressar numa redação bastava ser amigo do dono do jornal ou recomendado por alguém de suas relações. A lealdade do jornalista era para com o patrão, muito mais do que para com a notícia. Com a exigência do diploma, alterou-se a correlação de forças, precisamente o que muitos pretendem evitar. É claro que existem os bem intencionados adversários do diploma de jornalista, mas é bom prestar atenção. Ou se posicionam, também, contra o diploma de médico e de advogado?
Outro argumento a desfazer é o da precariedade dos cursos de comunicação, muitos deles formando jornalistas que escrevem “sal” com “ç”. Se for assim, que se renove o estudo do jornalismo, que se aprimorem as cadeiras e se exija muito mais dos formandos. O mesmo se aplica, por exemplo, aos advogados e à proliferação de cursos de Direito. Vale, nos dois casos, a lei do mercado. Os bons obterão sucesso.
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